Nathan Schafer

Equipe Laranja

Nathan Schafer

Estudante de jornalismo que preenche o orçamento da família com bicos na construção civil. Aprendeu [sic] a desenhar com o avô, Mordechai Schafer, um comerciante judeu. Mordechai é especialista em piadas que ninguém entende, arte praticada pelo neto com afinco.

E-mail de Nathan Schafer

O pai-de-santo no semáforo

Quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O homem parou em frente ao semáforo, esperando que ficasse verde. Fez da pequena mão um rodo e arrastou para fora da testa o mar de suor. Gilberto, era seu nome, olhou para a mão empapada, parecendo achar repugnante aquela mistura de sal e falso mijo. Balançou-a com força, mas o suor permaneceu. Não podia […]

A lua vem de Brasília

Domingo, 19 de maio de 2013

Acordei pontualmente, às nove da manhã. Como de praxe, espreguicei-me. Percebi, então, meu atraso abissal. Estando ainda muito frio, deixei meu corpo físico na cama e tomei, em espírito, a direção do banheiro. Apenas espírito estava, de modo que não necessitaria escovar os dentes — o fiz por higiene ou hábito, ou ambos. Finda a […]

Santa Maria

Segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A madrugada do dia 27 de janeiro não foi diferente de nenhuma outra. A Kiss, em Santa Maria, é exemplo disso: bebeu-se além da conta; namorados brigaram; a menina mais bonita da festa causou torcicolo em dezesseis caras; desconhecidos trocaram beijos; alguns, com sorte, conheceram a futura namorada e, como não podia deixar de ser, […]

Ao vencedor, as batatas

Sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Assim de cócoras, na beira da represa e envolvendo os joelhos num abraço, Estélio pensava nas malditas batatas, tentava consertar a espinha judiada pela queda e espantar o frio desgraçado que não ia embora de jeito e maneira, antes o perseguia, entrava por debaixo do suéter novo e aí para a camisa de colarinho duro […]

O Cockney Nu

Segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O alto e magro Theodore Brown, cabo do Metropolitan Police Service na Grande Londres, precisou olhar três vezes para acreditar no que via, logo na primeira hora de ronda naquele bairro fantasma. Talvez não tenha mesmo acreditado, visto a força com que, usando seus punhos sardentos, esfregou os pequenos olhos azuis. Decidido, escorregou para fora […]

Vinho novo em odres velhos

Quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Excelentíssimo Interventor Astulfo Almeida Ferrera y Ferrera dos Santos Dutton, Eu, Pedro Escrivão, escrevo-lhe esta missiva para dar-lhe ciência de um caso deveras singular que ocorre em nossa mui humilde circunscrição. Aos fatos, portanto: Ezequiel da Silva é um pequeno agricultor que planta tomates com aparência de rabanetes. Uma vez degustados, porém, seus tomates — […]

Esperando Godô

Quinta-feira, 12 de julho de 2012

Na noite em que o mataram, Vítor de Jesus, o Pai Vitinho, pulou da cama, sobressaltado, às duas horas da manhã. O velho pai de santo acordava de um pesadelo com formigas. Restavam a ele não mais que duas horas de vida. Era a terceira vez em um mês que o mesmo se sucedia; Pai […]

Morte e morte do juiz Tertuliano

Domingo, 6 de maio de 2012

Em manhãs de sol o juiz Tertuliano senta-se na poltrona de palha trançada, empoleirado na sacada da casa de três andares, e prepara vagaroso o cachimbo de espigas, socando um bom fumo boliviano com dedos grossos. Tragando devagar e soltando a fumaça em pequenos estalos labiais, como lhe ensinaram, o velho desfruta a bonita vista […]

Uma revelação familiar judaica

Terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Eram três da tarde e eu chegava encharcado de suor à casa de meu avô, implorando pelo ar-condicionado da sala de televisão. Entrei na sala e, passado o alívio inicial, o percebi assistindo televisão em pé, encostado na janela. Estava com o quipá azul, provavelmente havia acabado as orações não fazia muito. “Sexta-feira, hein?!”, cumprimentou […]

O clitóris na redoma de vidro

Sábado, 4 de fevereiro de 2012

*O texto abaixo é um manuscrito encontrado no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, em Portugal, e foi escrito, provavelmente, entre os séculos XIV e XV. Era uma vez, num país distante, entre os ducados de Pélvis e Clímax, quando o mundo não era mundo, ou não era chamado mundo, e todo mundo, andava por […]



 
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