Um dos bairros mais badalados de Los Angeles, Beverly Hills vive uma situação inusitada: ao mesmo tempo em que cada vez mais pessoas tentam vender suas lanchas, há uma invasão de bombados de sunga tomando champanhe ao som de música eletrônica de má qualidade. Os moradores veem assustados a instalação de bares na beira da praia, onde os proprietários cobram para as pessoas se deitarem em espreguiçadeiras. Lá estão mais evidentes os desafios de um país de primeiro mundo em crise econômica, como os Estados Unidos, tema de uma série que o Laranjas inicia hoje.
“Hoje, ninguém quer mais ter lancha por aqui. A manutenção e o combustível são caros. Só não temos menos barcos aqui porque ninguém consegue vender, tá tudo abandonado nas marinas”, afirmou Jack Lamborghini, dono de uma marina que precisou demitir funcionários por não conseguir pagar os salários. Ele estuda se mudar da Califórnia para o México, onde terá mais oportunidades de emprego, além de buscar um ambiente mais equilibrado e psicologicamente sadio para o crescimento dos filhos pequenos.
“O problema é ser rico, não é ser pobre. Devemos ter isso em mente, pagam-se mais impostos, o custo de vida é alto. Temos que mudar a cultura do americano, mas fico feliz que isso esteja ocorrendo, quando vejo pesquisas que indicam que Stephen Hawkings é um dos principais ídolos da garotada”, disse ele, lembrando que as pessoas estão evitando o consumismo exagerado. Para ele, o sonho de viver em um mundo de lojas caras, carros caríssimos e péssima infraestrutura urbana já acabou.
Richard Burrows, ex-proprietário de uma construtora de Beverly Hills que faliu depois que estourou a bolha da especulação imobiliária, vê uma invasão de estrangeiros. São, em sua maior parte, brasileiros novos ricos, que vêm fazer compras e acabam se deslumbrando. “Temos muito luxo por aqui, restaurantes caros, lojas supérfluas, ostentação. É tudo muito branco e dourado, brega demais. Precisamos de mais reboco à vista, muro salpicado”, afirmou.
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