Cerca de 1.500 turistas gaúchos invadiram, simultaneamente, os shoppings de Florianópolis na tarde de sábado (11), por volta das 17 horas. O evento foi chamado de “haolezinho” pelos participantes, que usavam trajes típicos e levavam bombas de chimarrão, enquanto entoavam canções nativistas em coro. De acordo com alguns dos turistas, com a chuva que caiu na Ilha no fim de semana, o “haolezinho” foi organizado via Maragatobook, rede social exclusiva para nascidos no Rio Grande do Sul.
Segundo o sociólogo e professor da UFSC Ernesto Noam, o “haolezinho” é um movimento desafiador da postura elitista e xenófoba da classe média de Florianópolis, que deve ser reavaliada. “Somente em casos isolados ocorrem o consumo de mate e uso de pilcha. Na maioria das vezes, é uma manifestação cultural”, completou, a pedido de 17 jornais e 429 sites e blogs. Ainda de acordo com Noam, são movimentos que antes aconteciam em CTGs, e agora estão ganhando os espaços públicos.
Os lojistas e frequentadores locais dos shoppings não entenderam da mesma forma. “Foi um horror, eles chegaram a levar uma churrasqueira portátil e estavam assando carnes que provavelmente tinham aftosa”, disse a aposentada Maria Neusa das Dores, enquanto saboreava uma fatia de pizza de berbigão. Para Rosimar Teloninho, dono de uma loja e roupas, os gaúchos não trazem lucros. “Eles só usam os banheiros e compram mate no supermercado, sem falar que não vendemos botas de couro e palas”, disse.
O gaúcho Artêmio Borges Venâncio Leopoldo disse que a intenção é apenas se divertir. “Choveu na terra de catarina e não tem nada pra fazer, então nos bandeamos para os centros de comprar para matear, comer carne e cantar”, afirmou. Ele ainda relata que alguns gaúchos foram expulsos dos locais e chegaram a apanhar com varas de bambu. “A Brigada Militar de vocês se excedeu”, disse.
Ainda de acordo com Leopoldo, outros “haolezinhos” devem ocorrer até o fim do verão em Florianópolis. “Para a semana que vem, caso chova, estamos programando a leitura completa de O Tempo e o Vento, do Érico, e devemos entrar a cavalo com a bandeira farroupilha”, entregou. Em resposta, um dos shoppings da Capital promete marcar um show do Dazaranha para que os nativos reocupem a praça de alimentação.