Uma ambulância teve que entrar em ação no autódromo de Interlagos na noite de sábado (5), mas, ao invés de enfermeiros, levou uma equipe de psicólogos. A medida inusitada foi necessária para socorrer Carlos Alfredo Sebonilha, que entrou em crise depressiva durante o festival de música Lollapalooza. Carlão, como é conhecido pelos amigos, começou a chorar ao perceber que, aos 37 anos, estava usando óculos de sol Rayban enquanto assistia ao show de Julian Casablancas.
“Era o show da carreira solo, completando a informação, e ele não resistiu”, confirmou o psicólogo Renê Tominaga, que prestou os primeiros socorros. Carlão foi encontrado aos prantos logo atrás da tenda de um dos patrocinadores do festival, todo descabelado e com seu blusão cardigan rasgado em trapos. De acordo com Tominaga, ele deve ter praticado na vestimenta, típica do jornalistas de caderno cultural, o que queria fazer consigo mesmo: a automutilação (sem contar que fazia calor). “O que eu fiz com a minha vida? Como ainda estou nessa?”, dizia Carlão, que é assessor do TJ.
Amigos de Carlão disseram que a crise foi súbita. “Ele tava de boas, curtindo a vibe, chegando em várias mulheres… Foi quando uma delas perguntou quais suas bandas favoritas e ele não soube responder que começou a chorar, tá ligado?”, disse Thyago Pedregoso, funcionário público. Tominaga esclarece que as mulheres podem ter relação com a crise depressiva. “Acho que ele não entendeu que elas não estavam para a pegação, apenas curtindo o som do Julian”, explicou.
Ainda pela descrição dos amigos, Carlão foi a um banheiro para enxugar as lágrimas e tentar se recuperar. “Foi mais um equívoco, e a gota d’água”, disse o doutor Tominaga. O homem de 37 anos se viu obrigado a urinar em um banheiro químico fétido e apertado, e, ao sair, viu-se no espelhinho do equipamento, usando óculos escuros Rayban, vestido como um DJ de balada de jornalistas de caderno cultural. “Aí ele desabou”, confirmou o amigo Pedregoso.
Carlão foi levado para casa e medicado com água gelada e uma camisa limpa com mangas. O quadro é considerado estável. “Vamos ver como ele reage, talvez dê um jeito na vida e faça mudanças”, comentou o psicólogo, que está confiante. Os amigos, por outro lado, dizem que vão levá-lo a uma casa noturna de sertanejo universitário, onde têm um camarote reservado. “Ali é que o bicho vai pegar”, disse Pedregoso.