Eles não estão boladassos
Boladassos: assim ficaram centenas de surfistas cariocas após a conquista do título mundial por Adriano de Souza. O atleta de 28 anos é paulista, apesar de ser conhecido como “Mineirinho” por gostar muito de comer pão de queijo recheado com doce de leite. O campeão do ano passado, Gabriel Medina, também é paulista, forçando o Rio de Janeiro todo a se perguntar que caô é esse que tá rolando, tá ligado?
“Cara, tô boladasso”, admite o surfista William Toconé, 32, que pega onda na Barra da Tijuca. Ele se diz feliz com as conquistas dos brasileiros, mas lamenta que os cariocas tenham perdido a hegemonia do esporte para os vizinhos e rivais paulistas. “Então, tô feliz, mas tô mesmo boladasso, tá ligado? Acho que dá para ficar as duas coisas ao mesmo tempo, morô?”, disse. Ele demonstrou dificuldade até em terminar sua água de coco.
Outro que deixou transparecer sua insegurança foi o surfista Carlinhos Pedreira, de 29 anos. Ele cai no mar todos os dias no Arpoador. “Tô boladasso, irmão. Bo-la-do”, disse, separando as sílabas para reforçar sua dor. Ele acredita que o Rio precisa repensar sua política de boa vizinhança com os paulistas. “Eles que vão para Florianópolis, bicho, sei lá. Daqui a pouco tem mineiro e capixaba sendo campeão, porra”, lamentou.
A Prefeitura do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias pelo segundo título mundial de surfe de um paulista. Assim, todos os guarda-sóis nas praias da Zona Sul da cidade terão que ser hasteados a meio-pau. “Estou boladasso mesmo, não esperava por isso”, disse o prefeito Eduardo Paes, enquanto tomava um chá mate gelado na praia do Leblon. “Agora é trabalhar pela unidade nacional dentro do partido”, completou.
