João Ubaldo Ribeiro acaba de ser enterrado. O corpo do escritor, falecido ontem*, fora trazido do Rio de Janeiro para a Ilha de Itaparica, local em que nasceu, cresceu e ambientou grande parte de sua obra.
Não houve tristeza, no entanto. Com a prefeitura decretando feriado, o povo saiu às ruas antes percorridas por padres jesuítas e índios tupinambás e celebrou o nome de seu filho mais ilustre retomando um hábito que o próprio Ubaldo já abandonara: entortar o caneco.
A reportagem do Laranjas esteve lá, no Recôncavo Baiano, a convite de nosso colaborador Zecamunista. Enquanto nosso repórter provava a água da Fonte da Bica, a que faz velha virar menina, um militar de farda surrada esbravejava no coreto:
“Diz pra eu quem matou o João, que eu vou atrás e mato! Quando eu dou risada pode todo mundo tremer e quando eu franzo a testa pode todo mundo tremer e s’eu bater o pé no chão pode todo mundo correr, e se eu assoprar na cara de um pode se encomendar.”
Em resposta, um padre de expressão sombria gritou:
“Faz é nada, seu pirobão!”
Os dois, em seguida, caíram no braço. Um negro franzino, então, passou a recolher o dinheiro das apostas. Todos iam de padre, homem muito maior, mas este acabou tropeçando na batina e tomou um bico nos cornos.
O militar teve que fugir dos apostadores para escapar da linchagem. Ao lado, um caboco arrancou dois nacos da bunda do padre, a mordidas. A polícia prendeu o homem e, quando tentamos entrevistá-lo, ele gritou única palavra:
“Sinique!”
Nosso repórter não tem certeza do que ouviu, até porque estava pra lá de bêbado, em companhia do time do São Lourenço. Estava tão bêbado a ponto de não notar o albatroz azul que cagava em sua cabeça.
*essa notícia foi escrita amanhã
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