Cara, cachecol nessa temperatura não é elegante, é simplesmente brega.
O primeiro dia de frio em Santa Catarina foi de calor para os catarinenses. Desacostumados há mais de seis anos de temperaturas menores que 35ºC, as pessoas superestimaram a massa de ar polar. Sob um céu ensolarado, a sensação foi de abafamento dentro dos gorros, cachecóis, japonas e jaquetas de couro.
“Foi difícil acordar cedo, sair da cama quentinha e entrar no chuveiro”, afirmou o servidor público Alberto Canalhetas, 35 anos. “Me agasalhei bem, mas tive que ir tirando as peças de roupas, como se fossem camadas de cebola, conforme o dia avançava.” Em Florianópolis, onde ele vive e trabalha, fez 18ºC à tarde.
A temperatura mais baixa em relação às últimas semanas também causou confusão em muitas empresas e repartições. O clima de polarização e intolerância da política contaminou as relações no trabalho, com um constante abre-e-fecha de janelas, liga-e-desliga o ar condicionado. “A regra é clara: quem é friorento tem que trazer o casaquinho, pô!”, protestou João Ricardo Fogaça, 26 anos, gerente de RH de um escritório contábil. “Não dá pra ficar nesse bafo, um cheiro de casaco mofado e cueca suada no escritório!”, lamentou.
Uma categoria que também sofreu com o frio incomum foi a das crianças. Muitos foram surpreendidos por suas mães depois que chegaram da escola com o inviável sopão de legumes de jantar. “Pra começar, sopa não é comida”, argumentou Vitor Eduardo Castanheiras, 12 anos, o Vitinho. “E ela não deixa nem a gente catar só a carne e a cenoura, temos que comer a couve-flor e a abobrinha também! Blergh”, afirmou, fazendo cara feia e tomando um tapa nos beiços da progenitora.
A previsão para os próximos dias é que o frio continue. Os meteorologistas recomendam utilizar roupas mais apropriadas para uma temperatura amena, de outono. Para o inverno, espera-se um frio mais rigoroso. “Ah, e cachecol no Brasil não dá, né?! Cachecol só se usa na Europa”, afirmou o meteorologista e consultor de moda Leandro Hercovichalski.
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