Terça-feira, 26 de março de 2013

Vale-Cultura do governo federal poderá ser usado para a farra do boi em Santa Catarina

Categorias: Comportamento

Flagra de farra do boi em beach club da praia de Jurerê Internacional

A ministra Marta Suplicy declarou, nesta terça-feira, que o Vale-Cultura poderá ser usado na prática da farra do boi em Santa Catarina. A ajuda de R$ 50 mensais, que será distribuída a partir do segundo semestre, serve para incentivar o setor e o consumo de cultura em todo o país. “Queremos valorizar o folclore de cada região e no litoral catarinense o que logo solta aos olhos é a chamada brincadeira do boi”, afirmou a ministra aos berros, inexplicavelmente. “Adoro povo, cheiro de pobre, sair na rua de chinelo e regata!”, completou, histérica.

Farristas comemoram a notícia. “Estava difícil de comprar o boi, às vezes a gente tinha até que roubar, agora vai ficar mais fácil de exercitar a nossa cultura e cidadania”, disse Carlos Pirola, o “Pirocão”, enquanto colocava uma caixa de gatinhos recém-nascidos na frente da roda de um caminhão. Para ele, é importante a valorização da cultura açoriana. “Outra coisa é que os bois morrem rápido, já que a gente tava dando de facão neles, e agora vai dar pra comprar uns chicotes”, explica Pirocão, enquanto inseria um rojão no ânus de um cachorro.

A implantação do Vale-Cultura está gerando polêmica. Recentemente, Marta voltou atrás depois de afirmar que ele poderia ser usado para comprar pacotes de TV a cabo. Com a inclusão da farra do boi, a gritaria aumentou. “É um absurdo, esse valor teria que ir para que faz cultura de verdade no estado, tipo o Roberto Carminatti”, disse o produtor cultural, estudante de História e assessor parlamentar Ernesto Noam. “E se guardar dois meses, dá pra comprar um ingresso para o Bokarra e assistir a uma performance de vanguarda”, avalia.

Quem também diverge da medida é Plínio Peluzzo, professor de Aproveitamento de Editais de Renúncia Fiscal Brasileiros do Departamento de Mamatas da Universidade de Michigan. “Veja bem, quem vai ganhar com isso é o produtor de animais, não o de curtas conceituais”, aponta. Para ele, é equivocado deixar que a população mais pobre, a que vai receber o dinheiro, decida onde investir o Vale-Cultura. “É preciso criar uma comissão que direcione a verba, porque o povo não sabe que, ao invés comprar um boi para bater e matar, a pessoa pode ter uma gravura do Romero Britto ou um disco da Tulipa Ruiz”, elucubra.

Minutos após a divulgação do novo uso do Vale-Cultura, mais de 1.500 artistas e intelectuais já haviam assinado uma petição virtual de protesto. Em seguida, ao descobrirem que a medida era do governo petista, cerca de 1.200 deles retiraram seus nomes do abaixo-assinado. Caetano Veloso ainda não se pronunciou.

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