Brasília vive tempos estranhos e psicologicamente conturbados. A política está deixando os nervos de seus habitantes a flor da pele. Os insetos estão surpreendentemente maiores e mais numerosos. Parece perfeitamente adequado, portanto, o reaparecimento de R. M. Renfield na capital brasileira. “Os acontecimentos dos últimos dias forçaram a interrupção das minhas férias e a vida o mais rapidamente possível para o cerrado no centro do Brasil”, explicou o britânico.
Renfield é um homem de difícil diálogo e não quis dizer onde estava passando seu período de descanso. “O importante é que meu mestre pode precisar de mim nas próximas semanas e é imperativo que eu esteja por perto para servi-lo”, disse o lunático. Ele perguntou à reportagem se há algum lugar para alugar nas proximidades do Palácio do Jaburu. “Gostaria de ficar perto do lago Paranoá, os insetos ficam mais limpos, apenas isso”, justificou, arredio.
Mostrando muito nervosismo, Renfield pediu que a entrevista fosse encerrada. “Olhe, sou advogado e corretor de imóveis, tenho interesses difusos e represento apenas a mim próprio”, disse, contradizendo-se. Em seguida, a comitiva da presidente Dilma Rousseff passou nas proximidades, desesperando-o. “Ela precisa ser avisada! Você precisa fazer alguma coisa! Deixe-me ir até lá, por favor!”, implorou.
Após alguns minutos de tensão, Renfield se acalmou. Ele se desculpou e disse que precisava retomar seus trabalhos, pedindo licença. “Estou indo para a Câmara dos Deputados, vou solicitar o cancelamento das minhas férias e reassumir meu cargo”, disse. Quase que de imediato, o tempo fechou e uma chuva forte, com trovoadas, começou a cair sobre Brasília. “Meu mestre está vindo”, concluiu Renfield.