O PT (Partido dos Trabalhadores) ainda não digeriu o panelaço ocorrido na noite de terça-feira (5), quando foi ao ar sua propaganda em cadeia de televisão. A executiva e os marqueteiros da agremiação tinham como certo o sucesso da produção, estrelada pelo ex-presidente Lula, que deixou o cargo com recordes de aprovação. Após uma madrugada de avaliação e brainstorming, a direção do partido da presidenta Dilma decidiu que, na próxima vez que for à TV, exibirá um compacto com os melhores momentos da vitória da Alemanha por 7 a 1 sobre o Brasil na Copa do Mundo de 2014.
“A estratégia é lembrar aos telespectadores os momentos incríveis que aconteceram na Copa, que só aconteceu no Brasil inteiramente por causa do presidente Lula e do PT”, afirma o diretor de Propaganda do partido, João Montana. Ele garantiu que, ao contrário do que aconteceu no programa anterior, Dilma Rousseff estará presente. “A participação dela na Copa é fundamental, vamos colocar no final, logo depois de relembrarmos os sete gols, a imagem dela entregando a taça ao capitão da Alemanha, o Lahm”, disse.
De acordo com o cientista político Ernesto Noam, da Universidade de Pescaria Brava, a tática pode funcionar. “O panelaço é uma agressividade, uma externalização do ódio da classe média para com o PT, então mostrando o 7 a 1, as pessoas ficarão tristes, desanimadas e sem vontade de espancar suas caçarolas”, afirmou. Noam concorda que o partido deve retomar o uso da imagem da presidenta. “A cena dela entregando a taça para o Lahm é excelente, mostra uma líder vitoriosa e independente do partido”, argumentou.
O compacto do 7 a 1 não se limitará aos gols. Um apresentador fará as vezes de comentarista, traçando paralelos entre a organização tática da Seleção Brasileira e a composição ministerial do governo Dilma. “Mostraremos às pessoas que aquilo foi um momento único, um time de craques e grandes nomes que, em um dia ruim, cometeu erros demais”, disse Montana. O marqueteiro ainda disse que os aliados do governo estarão no programa. “Vamos mostrar o Eduardo Cunha e muitos amigos do PMDB na torcida no Mineirão naquele dia”, garantiu, para depois completar que “pena que a Dilma não estava lá”.