Jango era um homem do campo e queria reformas
O Congresso Nacional anulou, na tarde desta quarta-feira (18), a sessão legislativa de abril de 1964 que depôs o presidente João Goulart. Assim, ao menos simbolicamente, Jango teve o mandato devolvido, em ato histórico para a política brasileira. Minutos depois da cerimônia, o PMDB divulgou uma nota oficial pleiteando cargos no governo recém-reinstalado. “Estamos dispostos a ajudar o presidente Jango a enfrentar as forças conservadoras do Brasil”, afirmou o senador José Sarney.
O texto, assinado por todos os caciques peemedebistas, afirma que o partido respeita nomes como Paulo Freire e Celso Furtado, mas lembra que “temos nomes qualificados e com experiência, como Edison Lobão e Renan Calheiros, para contribuir nas reformas necessárias para o país”. Para o PMDB, a “jovem empresa Petrobras também pode crescer com a presença dos quadros de qualidade do partido”.
Para Sarney, o teor da nota não significa que o partido fará oposição ao governo reinstituído caso não seja contemplado com algum ministério, mas faz um alerta. “Nosso nome diz tudo, somos o Movimento Democrático Brasileiro, vamos zelar por respeitar a vontade do cidadão, até o limite da legalidade!”, bradou. Nos bastidores de Brasília, comenta-se que Lula vai fazer o meio-campo entre Jango e o PMDB, dada a afinidade ideológica com os dois lados.
